Depois de trabalhar bastante, nada mais justo que tirar umas férias para zerar o estresse. De experiências anteriores até hoje, em termos de férias, não encontrei uma relação custo/benefício mais favorável do que a de um cruzeiro marítimo. Num mesmo lugar, sem muito esforço de deslocamento, são tantas as opções de entretenimento, em todos os horários do dia, que ninguém ficará entediado, sem ter nada para fazer, seja adulto ou criança. Dos jogos com instrutores em volta da piscina, ou dentro dela, às danças de salão com professores, aos aconchegantes ambientes com bares e um pianista ou um violonista, à discoteca, aos locais para jogo de cartas, etc, tudo é feito com muito gosto para proporcionar lazer de qualidade ao passageiro. Tem ainda o cassino, o rei das atrações, que exerce medo e fascínio ao mesmo tempo. Acrescentando a tudo isto uma alimentação farta e gostosa e visitas turísticas de ótimo nível, completamos um excelente pacote de férias. Assim, contratei o cruzeiro e as passagens aéreas com bastante antecedência, em abril de 2011. Nesse cruzeiro do Reveillon, o itinerário iniciado em Santos, parou em Copacabana para ver os fogos de artifício, seguiu para Salvador e Ilhéus e na volta parou em Ilha Grande, Angra dos Reis, antes de voltar para Santos, o porto de partida.
O NAVIO
O EMBARQUE
No dia 30 de dezembro, eu e Everildes, minha colega de cabine, tomamos o avião para o Aeroporto de Congonhas, às 6 horas da manhã e, de lá, fomos de ônibus, previamente contratado, para o Porto de Santos. Com alguns contra-tempos com as malas, por falta de etiquetas, fizemos o "checkin" no navio. Almoçamos no bufê oferecido e aguardamos a entrega de nossas malas na cabine, o que ocorreu às 18 horas. O "kit" recebido na entrada tinha todas as primeiras informações, inclusive o número da mesa, 396, em que jantaríamos todas as noites, até o fim da viagem, com um casal também de BH.
No dia seguinte, encontramo-nos com o resto do grupo que embarcou no Rio; entre elas, a CaL Consuelo Diniz, que me havia indicado a viagem.
O "REVEILLON"
Em Copacabana, 12 navios ficaram ancorados para ver os fogos de artifício. Foi linda a apresentação.
OS SERVIÇOS OFERECIDOS
No café da manhã, ao madrugador ou ao dorminhoco, são oferecidos horários elásticos para que não percam sua vez.
Tem restaurantes "a la carte", "self service", balcões de pizzas, sanduiches, sorvetes, etc. dentro do preço do cruzeiro. Só as bebidas são pagas.
E para as mulheres, naturalmente, viciadas em compras, não faltam as lojas, as liquidações, as ofertas, os descontos. E o que vendem? roupas, bijuterias, perfumes cosméticos, relógios, bolsas, produtos para maquiagem, enfim, tudo o que produz a endorfina que produz bem estar, alivia as tensões e diminui o estresse. Seus olhos brilham e os rostos se resplandecem. Embora em cima d'água, sentem-se no céu.
A decoração ambiental trabalha a favor do relaxamento: você esquece tudo o que deixou para trás e passa a viver um sonho de sete dias; o sonho só acaba por alguns minutos se você receber ligações no celular, por isto, é melhor deixá-lo desligado. Se você ficar só nas partes internas do navio e não for ao ultimo andar para ver o céu e o mar, terá a impressão que está em um lugar fora do mundo.
Tem música o tempo todo e para todos os gostos: da bossa nova ao xaxado, passando pelo samba e pelos clássicos populares brasileiros e estrangeiros. Os shows, apresentados todas as noites no grande teatro, completam a programação do dia e você , ou vai para o cassino, ou volta para sua cabine, relaxado e pronto para um sono reparador.
Tem spa à disposição para cuidar da beleza e, para os aficionados do exercício físico, tem sala de ginástica e pista de Cooper. Para exercitar a terceira idade, usam até a pista de dança, quando os músicos estão ausentes.
Você pode escolher entre vários "city tours", o que prefere fazer para visitar os pontos turísticos da cidade de Salvador. Do mirante do Farol da Barra tem-se uma bela vista da cidade ou da baía. São 22 metros de altura. A escada em espiral é desconfortável para subir. As pessoas lá em baixo parecem miniaturas.
O prédio histórico, construído em 1889, que deveria ser a sede da Prefeitura de
Salvador, não teve as reformas necessárias e um prédio moderno foi erguido, em frente, e abriga, hoje, o governo municipal.
O Elevador Lacerda, que une a parte baixa à parte alta da cidade, a região do Pelourinho e outros ponto turísticos constituem o centro histórico tombado pelo IPHAN.
No caminho do Pelourinho, as baianas enfeitam as ruas e tiram fotos com os turistas em troca de uma gratificação de dez reais.
As igrejas, que segundo Caymmi, são, ao todo, 365, tem a riqueza de decoração do tempo do ciclo do ouro.
As santas, do lado esquerdo,
A Guia, bem informada, ia contando os fatos e boatos enquanto nós, atentos, acompanhávamos a narrativa e fotografávamos a catedral.
Uma cortina esconde a reforma do altar e peças originais do tempo da inauguração da igreja ficam à mostra no altar provisório.
As ruas do centro histórico, sempre cheias, mostram a pujança do turismo em Salvador.
As igrejas exibem as preciosidades do barroco na decoração
O Cristo, com o braço direito descido e os pés sobre o pedestal, representa o sonho de São Francisco de tirá-lo da cruz.
O fruto do cacaueiro era venerado e considerado símbolo de prosperidade e está presente no centro do requintado detalhe do frontão e ladeado por belas estátuas.
Os turistas se aglomeram na Rua Jorge Amado e tiram fotos dos prédios citados nos romances.
Também em Ilhéus, como não podia deixar de ser, as igrejas atraem muito os turistas, bem como os vendedores informais e exibem curiosidades em seus adros.
A igreja de São Jorge é ao mesmo tempo um museu.
RUMO AO SUL
ILHA GRANDE
As igrejas exibem as preciosidades do barroco na decoração
No convento de N.S. da Piedade, as paredes, em volta do pátio retangular interno, possuem painéis de azulejos portugueses de rara beleza, sobre temas filosóficos e religiosos.
Os negros, proibidos de entrar na igreja dos brancos, construiram sua própria igreja: a igreja do Rosário.
O sobe e desce das ladeiras dá fome mas a gente não precisa se preocupar: tem sempre uma baiana vendendo o delicioso acarajé.
ILHÉUS
À noite, zarpamos para o porto de Ilhéus. Mais uma vez visitamos a História antiga e a mais recente. Depois do ciclo da cana de açúcar, a demanda de cacau começou a crescer. No início das plantações, homens rústicos, analfabetos e sem dinheiro, iam pessoalmente fazer o desbravamento, enfrentando índios selvagens e doenças e disputando terras. Com o tempo, ganharam o respeito e a obediência da região e, como consequência, veio a riqueza e a força política. Novas cidades e vilas foram surgindo. Adquiriram o título de coronéis e erigiram belos palacetes para morar. Tornaram-se prefeitos e uma rica sede foi erigida para a prefeitura.
O fruto do cacaueiro era venerado e considerado símbolo de prosperidade e está presente no centro do requintado detalhe do frontão e ladeado por belas estátuas.
Jorge Amado recriou, de modo brilhante, as histórias dos coronéis em seus livros, ora trocando seus nomes, ora reunindo características de dois ou três deles em um único personagem. Hoje a lenda se confunde com a realidade. As novelas baseadas em seus romances nos mostraram estes tipos característicos. Sua casa, conservada e tombada, constitui um ponto turístico muito visitado.
Os turistas se aglomeram na Rua Jorge Amado e tiram fotos dos prédios citados nos romances.
O famoso cabaré Bataclan virou galeria de lojas, café e restaurante.
O Bar Vesúvio, do turco Nacif, atende ao público de maneira moderna e homenageia o amado Jorge com sua estátua, que serve de ponto de fotos para os turistas.
A igreja de São Jorge é ao mesmo tempo um museu.
Nesta igreja, o São Jorge foi apeado do cavalo; mantém apenas a espada.
Antes da volta ao navio, visitamos a estátua da praia do Cristo, o Mercado de Artesanatos e a Fábrica de Chocolates Artesanais.
RUMO AO SUL
Nesta noite, tivemos mais uma surpresa: ver a nossa querida bandeira ondulando, entre outras, no mesanino do restaurante. Esta é uma prática de "marketing", que os organizadores dos cruzeiros costumam utilizar para homenagear os passageiros das diversas nacionalidades: a exibição das bandeiras nacionais dos vários países. Isto acontece durante o jantar, quando parte do pessoal da tripulação exibe-as, enquanto fazem agradecimentos ou cantam e dançam alguma coreografia.
ILHA GRANDE
Paramos na montanhosa Ilha Grande, em Angra dos Reis, e fomos levados de barco até o vilarejo.
O navio, ao fundo, dá uma ideia da distância percorrida de barco.
Na última noite, separamos a roupa da viagem, fizemos as malas, etiquetamo-las e as deixamos do lado de fora da cabine para serem retiradas e colocadas, na manha seguinte, no pavilhão do porto, onde se faz o "Checkout". É um mar de malas e levamos algum tempo para identificar as nossas no grupo reunido pela cor da etiqueta. Localizamos o ônibus, que faria o translado, e fomos para o Aeroporto de Congonhas. Por sorte, conseguimos antecipar a volta para Belo Horizonte e tivemos um ótimo vôo.
FIM